E o blog “Aumenta Que Isso Aí É Rock N' Roll!” lançou no dia 28 de dezembro de 2012 a segunda história de Ricardo Heavynick sobre o Iron Maiden, dessa vez o álbum comentado foi o “Killers”. Veja os temas que abordam cada composição numa divertida viagem de cultura e informação!
A Donzela de Ferro e a História: Killers (1981)
Continuando a série A Donzela de Ferro e a História de Ricardo Heavynick (História e Caos), vamos para mais uma aula de história, desta vez com o álbum Killers.
Iron Maiden - Killers (1981)
E logo de cara, no som instrumental de The Ides Of March, um tema de preferência de várias pessoas, inclusive este que voz fala: Roma! A tradução para o termo é Idos de Março.
O primeiro calendário romano, segundo a lenda, foi elaborado por Rômulo em 753 A.C. e tinha 10 meses de 30 e 31 dias, totalizando 304 dias. Os 61 dias restantes de inverno, não entravam na contagem.
Em 713 A.C, o rei Numa Pompílio elaborou um calendário no modelo ateniense, mais preciso. Este tinha 12 meses de 29, 30 e 31 dias e a cada dois anos era inserido um 13º mês de 22 ou 23 dias.
Este modelo foi substituído pelo modelo de Julio Cesar, o calendário Juliano, que também era um modelo confuso, mas pelo menos era mais "estável".
Dentro de cada mês, 3 dias tinham nomes especiais, são eles:
Calendas (Kalendae): é o primeiro do mês, é o primitivo da palavra calendário, que usamos até hoje;
Nonos (Nonae): 5º ou 7º dia, dependendo do mês, normalmente a noite do quarto crescente;
Idos (Idus): 13ª ou 15ª dia, dependendo do mês, era normalmente noite de lua cheia.
E tudo isso foi uma introdução para dizer que, no calendário romano, os Idos de Março correspondiam ao dia 15, data em que Julio Cesar foi traído e assassinado pelos senadores romanos, em 44 A.C.
De acordo com Plutarco, foram 23 facadas e 60 foram os conspiradores liderados por Brutus e Cassius.
"Beware of Ides Of March" (Cuidado com os Idos de Março), é o que um vidente teria dito a Julio Cesar dias antes de sua morte. Claro, nas palavras de Shakespeare, em A Tragédia de Julio Cesar, ano de 1599.
Wrathchild pode ser interpretada como a história de um filho de uma prostituta procurando pelo seu pai. E a criança está com raiva e procurando por todo o lugar! Aliás, a palavra wrathchild não existe, são duas palavras juntas; wrath (ira) e child (criança).
Segue o álbum pela rua sangrenta, em Paris: Murders in the Rue Morgue, que é o nome de um conto de Edgar Allan Poe. Ele foi um escritor estadunidense nascido em Boston (1809) e morreu "semi-jovem", aos 40 anos. É um dos precursores da ficção científica moderna.
Este conto fala sobre assassinatos de mulheres na rua Morgue. Esta rua é fictícia (pelo menos no google maps ela não aparece). O investigador Durpin é quem desvenda estes crimes.
Another Life e Innocent Exile parecem seguir um pouco a história da música anterior. Na primeira, uma voz o pede para morrer e na outra, o personagem foge por ser acusado de um crime que não aconteceu. Killers fala sobre as sensações de um serial killer sedento por sangue.
A instrumental Genghis Khan não fala de nada, porém tem muita história. O Cã dos Clãs, Temujin (1162 - 1227), foi o maior conquistador de terras da história [clique aqui para ver na Superinteressante]. Ele ainda morreu dizendo não ter atingido seu verdadeiro objetivo: Não ter tido tempo suficiente para conquistar todo o mundo!
Purgatory é um remake de uma música que o Maiden já tinha. O purgatório, segundo a lenda cristã, não é bem um lugar, mas uma condição temporária de sofrimento pós morte para alcançar a salvação. É mais ou menos assim: se você foi uma pessoa boa, irá para o céu; se foi muito má, vai para o inferno; e se lhe julgarem como "nem lá, nem cá", vai para o purgatório livrar-se dos males restantes (mediante sofrimento, claro), e aí vai para o céu.
Prodigal Son também tem uma conotação cristã, e também de outra mitologia, a Grega. Na música do Iron Maiden, o personagem fala para Lâmia que cometeu muitos erros, foi possuído pelo Lu e que estava-se tornando mau.
Na Bíblia, em Lucas 15 11:32, há o que chamam de A Parábola do Filho Pródigo, que é meio o que está na letra, um filho que tinha tudo, gastou com bebidas, mulheres e voltou arrependido para o pai dele.
Lâmia por sua vez, era filha de Poseidon e rainha da Líbia. Estava tudo bem na vida dela, até conhecer Zeus (o Deus safadão). Como de costume, Zeus a "persuadiu" e eles tiveram muitos filhos.
Um belo dia, Hera descobriu o novo caso de Zeus, seu marido, matou as crianças de Lâmia e fez com que os olho dela jamais se fechassem. Algumas versões dizem que Hera a transformou em um monstro. Lâmia ficou louca e começou a devorar crianças. Zeus, penalizado, deu a ela a habilidade de tirar os próprios olhos, para que ela sofresse menos com o que queria ter que ver.
O poeta inglês John Keats escreveu uma obra sobre Lâmia - talvez aí resida a inspiração de Steve Harris. No filme Stardust, Michelle Pfeiffer interpreta a bruxa Lâmia.
Twilight Zone tem relação com as demais, quando ele diz que quer sair do purgatório, onde ele, morto, chama por ela e espera que ela morra logo pois ele está tão só.
Drifter encerra este grande álbum, com um toque de esperança aos novos dias e novas aventuras!
Este é o segundo e último com o vocalista Paul Di'Anno. Imagino os fãs da época como devem ter ficado tristes com sua saída. A sorte é que quem nem deu muito tempo de ficar assim tão triste. Paul Bruce Dickinson chegaria para o próximo álbum, considerado o melhor da Donzela e um dos maiores da história do Heavy Metal!
Iron Maiden - Killers (1981)
1. The Ides Of March
2. Wrathchild
3. Murdes In The Rue Morgue
4. Another Life
5. Genghis Khan
7. Killers
8. Innocent Exile
9. Purgatory
10. Twilight Zone
11. Drifter
Formação:
Paul Di'Anno - Vocalista
Steve Harris - Baixo e Backing Vocals
Dave Murray - Guitarra
Adrian Smith - Guitarra e Backing Vocals
Clive Burr - Bateria
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